segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vasco: o sentimento não pára, mas se despedaça


Começo este desabafo (idiotas vão encarar como choro) falando por mim e por uma imensidão de vascaínos: ninguém agüenta mais perder para o Flamengo em decisões!

Não vou me ater ao jogo, nem me agarrar a estatísticas e nem é preciso recorrer a elas quando se mistura mágoa, amor ferido e trauma. O vascaíno não agüenta mais ser motivo de chacota em quaisquer lugares que esteja por causa (não culpa) do Flamengo.

Ontem, num bar, antes mesmo do jogo decisivo da Taça Rio começar, já se ouvia o coro de vice, de freguês, entre outras provocações dos flamenguistas presentes. É saudável? Claro que é! Faz parte do folclore do futebol. O que não é normal, muito menos saudável, é a ausência de réplica dos vascaínos. Não se viu respostas à altura no entorno do bar – e a inferioridade numérica de torcedores não serve como desculpa. Tal fato resume bem a atual (e lamentável!) situação do Vasco, que muitos não reconhecem ou não querem enxergar pelo fanatismo: viramos coitados, penosos, vascaínos que não confiam no seu time – e isso nada tem a ver com o fato do nosso time ser superior ou inferior ao adversário.

Respeito muito o Lédio Carmona, um dos melhores comentaristas de futebol do país. Apesar de vascaíno, imagino que a imparcialidade dele tenha falado mais alto no seu texto sobre o clássico dos milhões. Mais alto que o sentimento, o que é admirável para um profissional de imprensa, que deve pregar sempre pela isenção nos comentários.

Porém, pouco importa (em minha opinião de torcedor sofrido) se o Vasco tem o melhor elenco montado desde 2002; pouco importa o fato de o Vasco ter tido um elenco mais ajustado que o do Flamengo no decorrer da própria Taça Rio; pouco importa o fato de o Vasco estar vivo na Copa do Brasil, onde as seqüelas da perda de ontem ficarão expostas nos jogos a seguir; importa menos ainda a possibilidade de o Vasco começar forte um Brasileiro, como há anos não se via. Certas coisas são muito grandiosas para o vascaíno – vencer o Flamengo, numa final, é ser bicampeão: prova de superação sobre os rivais e, acima deles, o Flamengo. Para o Vasco, todos são rivais. Mas o Flamengo é um rival elevado ao quadrado, está num patamar acima, invariavelmente. Não quero com isso incitar a violência e tampouco ver o Flamengo como inimigo. Apenas não ignoro a enorme rivalidade (sadia) entre os clubes, muito menos desmereço a grandeza do Rubro-negro.

Nos dias de hoje, lamentavelmente, ouço vascaínos torcendo para o Vasco não chegar a uma final com o Flamengo, com receio de final trágico, como têm acontecido nos longínquos últimos anos. Pode-se encarar tal comentário como covardia em se tratando de Vasco da Gama. Porém, o trauma das últimas finais torna isso compreensível.

Parece que, para ressurgir LITERALMENTE da fossa, do limbo, do ostracismo, é necessário vencer o Flamengo em uma final, seja ela qual for. Eu, honestamente, achava que isso poderia acontecer ontem – em finais anteriores, tinha pouca esperança, embora a paixão nos deixe cego às vezes.

O Vasco começou pessimamente o ano, ganhou reforços e um treinador aparentemente confiável. Ricardo Gomes começou a desenhar um time que vinha ganhando respeito, especialmente no cenário carioca. Não se pode dizer que tudo foi em vão. Mas a derrota de ontem foi mais dolorosa porque, embora o receio de finais contra o maior rival ainda exista fortemente no coração do vascaíno, parecia (pelo maior volume de chances perigosas criadas pelo Vasco) que o roteiro mudaria, que seria diferente, enfim. Amarga ilusão!

Era temerário enfrentar o Flamengo nas penalidades. O rival, como escreveu o Rica Perrone, não perde nos pênaltis, pelo menos num passado MUITO distante. O Vasco, entretanto, tem histórico negativo neste quesito. Também por isso, parecia que o Gigante da Colina sairia por cima, mudaria o roteiro e faria um novo final, embora, conscientemente, o medo de uma nova derrota existisse nitidamente na face de muitos que me cercavam no bar.

O final todos já conhecem. Rubro-negros comemoram, vascaínos lamentam – alguns choraram copiosamente e ainda buscam a cura para mais uma cicatriz. Outros, como eu, buscaram o silêncio no quarto de casa. O sentimento, que nunca vai parar, é de desolação, de receio, de medo de decisão. Está em pedaços. Efeitos que não condizem com a opulência do Vasco, mas que, inevitavelmente, se apossaram da imensa legião de vascaínos por causa dos últimos históricos. Malditos pênaltis desperdiçados!

3 comentários:

  1. SOU UM FLAMENGUISTA SOLIDÁRIO A SEUS SENTIMENTOS , E POR ISTO PROPONHO UMA FINAL NO JOGO DE BOTÃO ENTRE NOSSAS EQUIPES.
    DEIXO VC VENCER E DIMINUO UM POUCO A SUA DOR.
    NÃO SEI O QUE É ISSO, MAS DEVE DOER.
    SAUDAÇÕES, OROZIMBO (PAI DA GABRIELA VASCONCELOS)

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  2. Pai vai te catar! Tá vendo Renan!? Com um Flamenguista doente do lado, e mesmo assim sobrevivi, é o sentimento vascaino! rs Gabi

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  3. Gabi, você sobreviveu! E como (vide foto no seu mural recentemente). Beijos!

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