sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sou educado e sofro por isso

Na minha vida, procuro me manter equilibrado em todas as esferas. Às vezes, falta um pouco de paciência, otimismo, esperança e maturidade. Mas uma coisa que prego e muito é minha educação. Claro que perco a compostura vez por outra, mas procuro manter ao máximo a polidez.

Pois bem. Aqui, onde eu trabalho, volta e meia, tem um cara de fora consertando alguma coisa. Ora encanamento, ora impressora – mais comum. Hoje, excepcionalmente, três homens, devidamente uniformizados com roupas da empresa onde trabalham, estavam aqui. Mas, para infelicidade de muitos funcionários, na qual me incluo, a presença deles não passou despercebida. Pelo contrário. Parece que eles faziam questão de aparecer, mesmo que negativamente.

É aceitável, quando se está trabalhando, desenvolvendo um raciocínio sobre algum tema, compenetrado em um e-mail importante ouvir pessoas rudes gargalhando deliberadamente, contando fantasias, xingando, enfim, pisando no regulamento da postura, do bom senso em um ambiente silencioso de trabalho? Repito: ambiente de trabalho, não festa de bodas de ouro da sua avó.

Alguns mais pacientes ou mesmo desligados podem até me tachar de severo crítico. To começando a me acostumar (não aceitar) com insultos e palavras pejorativas. Mas, sinceramente, pode-se tolerar balbúrdia onde o silêncio prevalece? Claro que não. É o mesmo que gritar dentro de uma biblioteca.

Mas, para minha desilusão, tem gente que não enxerga assim. E, por isso, sigo sendo rotulado de chato, que só faz reclamar. Tudo porque não fico resignado diante da desfaçatez. Porque não abro mão de me indignar diante do cenário hediondo. Seria o mesmo que me satisfazer com o cheiro do ralo, como fez Selton Mello, no bom filme nacional O Cheiro do Ralo.

E, como se não bastasse aturar a vozearia aqui, mais cedo, na Ponte, parado no engarrafamento, outra cena de estagnar qualquer cidadão educado, que zela pela cidade: um néscio, parvo ou pateta (rotule como quiser) assoou o nariz com um lenço, abriu calmamente seu vidro elétrico e simplesmente jogou a mucosidade no chão! Meu Deus, falei. Isso é um crime contra a cidadania. Xilindró nele! Detalhe: era um senhor, já de idade avançada. Imperdoável.

Pra completar a vadiagem, na rádio, o locutor anunciava que o nefasto senador José Sarney havia proferido mais uma daquelas balelas que nós todos já conhecemos. Prato cheio pra começar o dia irritado, certo? Não numa sexta-feira. Não mesmo.

Um beijo do jovem irritadiço e, aos 22 anos, já esclerosado.

2 comentários:

  1. Renan,

    Essa do barulho é uma bela porcaria. Você ainda reclama de fornecedor.
    Pior ainda é quando são os próprios colegas de trabalho, e invariavelmente, alguém acima na hierarquia.

    Já perdi a conta de quantas vezes tentei me concentrar ouvindo gente no telefone resolvendo variada gama de situações um tanto curiosa como: problemas com o fornecedor de flores do casamento.

    Deus salve Led Zeppelin e o fone de ouvido.

    ResponderExcluir
  2. Ahaha....verdade ... Deus salve o fone de ouvido. Adorei esse post. Vou acompanhar sempre.

    Abraço.

    ResponderExcluir