O carisma de Dedé é incalculável. Sábado passado, por exemplo: Vasco e Quissamã, em São Januário; ambos eliminados do Estadual; tarde modorrenta no Rio; frio; pelada tosca; e Dedé, idolatrado pelos vascaínos, em campo; sua iminente saída já era especulada, àquela altura; clima de despedida; cruzamento de um pobre diabo, no que Dedé pula, cabeceia e, tá lá, gol do Vasco; gol do Mito.
Pelo Twitter, que serve, ao menos pra mim, de pauta sobre o que pensam bons vascaínos, o clima era de melancolia. "Chorando muito" na timeline, geralmente, é sinônimo de deboche. Mas, naquela tarde nebulosa, os cruzmaltinos não estavam debochando. Centenas deles se emocionaram, incluindo este pobre escriba. (Escriba? Risos). Dedé correu pra torcida, beijou a Cruz de Malta, mostrou seu amor pelo clube, mais uma vez. Amor legítimo, ninguém duvida. Foi seu último gol pelo Gigante da Colina, provavelmente.
Descemos das nuvens. A realidade do Vasco da Gama, hoje, é triste. Um técnico de ponta, lúcido e ponto fora da curva no que diz respeito a treinadores, mas com um elenco ruim, de baixas expectativas, em mãos. Dívidas. Poucos investidores. Ou seja, a necessidade de se fazer caixa urge. E Dedé é o único por lá atualmente que pode gerar retorno financeiro ao clube. Tudo se baseia exclusivamente nisto. Vender parece a única solução. Ou a solução mais fácil para uma diretoria pouco criativa.
Muito se falou em Dedé no Corinthians. Pelo que se leu, a mídia tinha mais interesse em ver o jogador no Parque São Jorge do que o próprio clube paulista. O atleta, no entanto, no intervalo do jogo de sábado, admitiu sondagem do Cruzeiro. Fez o que poucos boleiros fazem: confessou ter recebido proposta, se mostrou confuso se iria ou não, mas foi sincero, franco. Admirável, no mundo cretino do futebol.
A venda de Dedé vai resolver todos os problemas do Vasco? Evidente que não. Mas penso que se faz necessária. Ele é um ótimo zagueiro, muito acima da média dos que por aqui habitam, mas, sejamos realistas, há muito não joga em alto nível. Porque o time não ajuda, talvez? Pode ser. E qual a perspectiva de que haja um time competitivo para ajudá-lo a crescer, tecnicamente? Zero. A menos, talvez, que uma grana pingue na conta do clube. E, no cenário atual, só deve pingar através da venda dele.
Infelizmente, como já escrevi, não se pode esperar criatividade dos que comandam o Vasco para reforçar o elenco. Em termos de vitrine, Dedé dá um passo atrás. Um passo atrás para, de repente, dar dois para a frente. Vai depender dele também. Adaptação, entrosamento, etc. O Cruzeiro não tem a mesma visibilidade do Vasco. Entretanto, existem bons nomes por lá. Há um time em formação. Se vai dar caldo, não sei e pouco acompanho do futebol mineiro para cravar qualquer coisa. Seria leviano. O futuro é tão incerto para Dedé quanto para o Vasco, a meu ver.
E, na boa, 14 milhões de reais por um zagueiro, mais uns refugos que devem mandar, tendo o salário bancado pelo clube celeste, não tá ruim. Ruim é perder um ídolo, em qualquer circunstância que seja. Pior se for para um clube do mesmo país. Um rival, na verdade, ainda que não seja direto. Mas, na minha visão, tá bem razoável, pelo valor e também pelos que chegarão. São jogadores medianos? Bom, não são pilares da técnica mas, diante do que temos, podem acrescentar de alguma forma.
Por fim, gostaria de agradecer ao Dedé por sempre ter honrado a camisa que vestiu. Por ter sido digno, leal, carismático, simpático. Não é todo dia que se cria uma identificação por um jogador que sequer saiu da base do Vasco - começou em Xerém, vale lembrar. Espero que ele tenha êxito no Cruzeiro e que siga sendo convocado para a Seleção Brasileira. E que, também, cresça ainda mais, como profissional e pessoa. Valeu, Mito! Obrigado! E volte, quando quiser. Choremos.
Palmas para o Dedé, jogador diferenciado em todos os sentidos. E, salvo a Unimed, aos trancos e barrancos seguem os times do rio, tirar zerinho ou um pra ver quem vai passar o campeonato inteiro na zona de rebaixamento...
ResponderExcluirImpecável!
ResponderExcluirIra deixar mts saudades...belo texto renan, nao acrescentaria mais nada!
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